quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Fé e cidadania...

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SOBRE POLÍTICA E JARDINAGEM
RUBEM ALVES

De todas as vocações, a política é a mais nobre. Vocação, do latim vocare, quer dizer chamado. Vocação é um chamado interior de amor: chamado de amor por um ‘fazer’. No lugar desse ‘fazer’ o vocacionado quer ‘fazer amor’ com o mundo. Psicologia de amante: faria, mesmo que não ganhasse nada.

‘Política’ vem de polis, cidade. A cidade era, para os gregos, u
m espaço seguro, ordenado e manso, onde os homens podiam se dedicar à busca da felicidade. O político seria aquele que cuidaria desse espaço. A vocação política, assim, estaria a serviço da felicidade dos moradores da cidade.


Talvez por terem sido nômades no deserto, os hebreus não sonhavam com cidades: sonhavam com jardins. Quem mora no deserto sonha com oases. Deus não criou uma cidade. Ele criou um jardim. Se perguntássemos a um profeta hebreu ‘o que é política?’, ele nos responderia, ‘a arte da jardinagem aplicada às coisas públicas’.

O político por vocação é um apaixonado pelo grande jardim para todos. Seu amor é tão grande que ele abre mão do pequeno jardim que ele poderia plantar para si mesmo. De que vale um pequeno jardim se à sua volta está o deserto? É preciso que o deserto inteiro se transforme em jardim.

Amo a minha vocação, que é escrever. Literatura é uma vocação bela e fraca. O escritor tem amor mas não tem poder. Mas o político tem. Um político por vocação é um poeta forte: ele tem o poder de transformar poemas sobre jardins em jardins de verdade. A vocação política é transformar sonhos em realidade. É uma vocação tão feliz que Platão sugeriu que os políticos não precisam possuir nada: bastar-lhes-ia o grande jardim para todos. Seria indigno que o jardineiro tivesse um espaço privilegiado, melhor e diferente do espaço ocupado por todos. Conheci e conheço muitos políticos por vocação. Sua vida foi e continua a ser um motivo de esperança.

Vocação é diferente de profissão. Na vocação a pessoa encontra a felicidade na própria ação. Na profissão o prazer se encontra não na ação. O prazer está no ganho que dela se deriva. O homem movido pela vocação é um amante. Faz amor com a amada pela alegria de fazer amor. O profissional não ama a mulher. Ele ama o dinheiro que recebe dela. É um gigolô.

Todas as vocações podem ser transformadas em profissões O jardineiro por vocação ama o jardim de todos. O jardineiro por profissão usa o jardim de todos para construir seu jardim privado, ainda que, para que isso aconteça, ao seu redor aumente o deserto e o sofrimento.

Assim é a política. São muitos os políticos profissionais. Posso, então, enunciar minha segunda tese: de todas as profissões, a profissão política é a mais vil. O que explica o desencanto total do povo, em relação à política. Guimarães Rosa, perguntado por Günter Lorenz se ele se considerava político, respondeu: ‘Eu jamais poderia ser político com toda essa charlatanice da realidade... Ao contrário dos ‘legítimos’ políticos, acredito no homem e lhe desejo um futuro. O político pensa apenas em minutos. Sou escritor e penso em eternidades. Eu penso na ressurreição do homem.’ Quem pensa em minutos não tem paciência para plantar árvores. Uma árvore leva muitos anos para crescer. É mais lucrativo cortá-las.

Nosso futuro depende dessa luta entre políticos por vocação e políticos por profissão. O triste é que muitos que sentem o chamado da política não têm coragem de atendê-lo, por medo da vergonha de serem confundidos com gigolôs e de terem de conviver com gigolôs.

Escrevo para vocês, jovens, para seduzi-los à vocação política. Talvez haja jardineiros adormecidos dentro de vocês. A escuta da vocação é difícil, porque ela é perturbada pela gritaria das escolhas esperadas, normais, medicina, engenharia, computação, direito, ciência. Todas elas, legítimas, se forem vocação. Mas todas elas afunilantes: vão colocá-los num pequeno canto do jardim, muito distante do lugar onde o destino do jardim é decidido. Não seria muito mais fascinante participar dos destinos do jardim?

Acabamos de celebrar os 500 anos do descobrimento do Brasil. Os descobridores, ao chegar, não encontraram um jardim. Encontraram uma selva. Selva não é jardim. Selvas são cruéis e insensíveis, indiferentes ao sofrimento e à morte. Uma selva é uma parte da natureza ainda não tocada pela mão do homem. Aquela selva poderia ter sido transformada num jardim. Não foi. Os que sobre ela agiram não eram jardineiros. Eram lenhadores e madeireiros. E foi assim que a selva, que poderia ter se tornado jardim para a felicidade de todos, foi sendo transformada em desertos salpicados de luxuriantes jardins privados onde uns poucos encontram vida e prazer.

Há descobrimentos de origens. Mais belos são os descobrimentos de destinos. Talvez, então, se os políticos por vocação se apossarem do jardim, poderemos começar a traçar um novo destino. Então, ao invés de desertos e jardins privados, teremos um grande jardim para todos, obra de homens que tiveram o amor e a paciência de plantar árvores à cuja sombra nunca se assentariam. (Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 19/05/2000.) 
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quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Mensagens e orações de catequistas de nossa Diocese...

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Eis-me aqui Senhor, eu quero te servir. 
Fortalece a minha fé e á-me coragem para que na minha pequenez eu seja um gigante contra todas as forças do mal.
Que a minha vida seja repleta do seu Amor... Que eu saiba refletir esse amor tão sublime à todos que me rodeiam. 
Segura-me com tua mão, guia meus passos para que eu possa te seguir e servir conforme tua vontade.
Obrigada senhor por tua bondade, misericórdia e infinito amor. 
Te louvo e agradeço por tudo que tenho e sou.
Glorificado e exaltado seja teu Santo Nome hoje e sempre. Amém!
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Catequista TELMA/ Paróquia São José Operário - Sete Lagoas
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Catequizar Evangelizar
Levar almas a conhecer o Reino de Deus
Não é preciso ser sábio mas pedir a Deus que dê sempre sabedoria (e cuidar da formação)
Acreditar no poder de deus que nos capacita e dá força para vencer os obstáculos, nossos medos e anseios.
Desistir? É só olhar para a cruz e lembrar que Jesus derramou até a última gota de sangue por cada um de nós.
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Prece de um peregrino 
Epílogo do livro: Flor sem defesa, de Carlos Mesters
(Adaptação: Catequista ISABEL BRAZ/ Paróquia Sr Bom Jesus - Matozinhos)
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Senhor deus, andei pela vida a tua procura. Perguntei pelo teu nome e pelo teu endereço. Quero saber o lugar onde moras. Quero te encontrar e conversar contigo. Mas, me deram tantos nomes e tantos endereços teus que fiquei perdida.
Uns me indicavam os grandes templos e igrejas. Eles diziam: - O  nome dele é Deus Supremos! Fui lá, mas não te encontrei. Só encontrei pedras bonitas e pessoas satisfeitas que diziam saber tudo a seu respeito. Não consegui acreditar nelas, por mais que eu quisesse. Meu coração me dizia: _"Deus não é assim!" Pois eles só queriam ensinar coisas. No meio deles não encontrei a justiça nem o amor.
Outros me indicavam os grupos rebeldes que vivem na sombra. Eles diziam:"O nome dele é Deus vingador e justiceiro!" Fui lá, mas fiquei na dúvida. Encontrei gente boa, mas não encontrei a humildade. Eles também só queriam ensinar coisas. Não encontrei neles a liberdade de que eles tanto falavam. Continuei andando à procura da tua morada, da tua presença. Cansada, suada de tanto andar, parei na cada de um pobre, Ele estava sentado na calçada em frente ao seu barraco. Aproveitava da brisa do fim do dia. Perguntei a ele pelo teu endereço e pelo teu nome. E ele me disse: - Minha amiga, perdoa a minha ignorância. Eu me chamo Severino. Não sei informar nada. Mas, entre aqui e descanse um pouco. Você tem o jeito de quem anda cansada. 
Não sei se tu moras na cada do Severino. Ele me disse que não te conhece. Mas junto dele encontrei a paz e a humildade, a partilha e o perdão, a solidariedade e a luta pela justiça, encontrei a plena liberdade.
Responda à minha pergunta, Deus: - É na casa deste pobre que tu te escondes? Só pode ser! Pois ele não se apresenta como quem saber das coisas, e já me ensinou tudo! Ele não tem nada, e me deu tudo que eu precisava. Ele se diz ignorante, mas sabe muito mais do que eu. Ele é fraco e sem forças, mas até hoje ninguém conseguiu derrotá-lo na sua luta pela justiça. Vive cheio de sofrimento, mas nunca encontre tanta alegria... tanta paz! Se esta não for a tua morada, Senhor, eu já não sei mais aonde procurar. Aqui recebo o que ei procurava. E aqui eu fico até que me indiques um endereço melhor. Amém!!!
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