quarta-feira, 27 de abril de 2011

RESSURREIÇÃO: dinâmico despertar da vida

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Pe. Adroaldo Palaoro, sj

“... viver deveria ser uma permanente reinvenção de nós mesmos, para não morrermos soterrados na poeira da banalidade” Lya Luft

Viver como ressuscitados”: esta é a paixão que não nos dá repouso. Somos seres visceralmente “pascais”.
Páscoa é ter diante de si os desafios da vida. É preciso remover as pedras que fo-ram soterrando a vida dentro de nós e romper os muros que cercam nosso cora-cão. Viver como ressuscitados é reconhecer que nossa vida está “estreita” e que precisamos nos situar num horizonte diferente. Viver é “re-criar-se”.
Em Jesus acontece algo totalmente novo; Ele traz uma nova maneira de viver que não cabe nos nossos esquemas.. A ressurreição é uma novidade que rompe velhos barris.
A mudança de mente, de coração, de paradigmas... exige de nós que, de tempos em tempos, revisemos nossas vidas, conservando umas coisas, alterando outras, derrubado idéias fixas, convicções absolutas, modos fechados de viver... que impedem a entrada da luz da ressurreição.
Nada mais contrário ao espírito pascal que a vida instalada e uma existência estabilizada de uma vez para sempre, tendo pontos de referência fixos, definitivos, tranqüilizadores...

Na ressurreição, a vida é um fenômeno que emerge de forma misteriosa; ela se impõe, simplesmente.
Tal realidade desperta fascinação, provoca admiração e veneração... porque a vida é sempre sagrada. Diante dela ficamos extasiados, boquiabertos, escancarados os olhos e afiados os ouvidos. Ela nos atrai por sua força interna. A vida é sempre emergência do novo e do surpreendente. Sequer nos é permitido tocá-la de qualquer jeito. Ela exige certo rito; é proibido passar por cima dela. Somente podemos estabelecer um diálogo com ela: assim abriremos horizontes e viveremos na verdade.

“Viver como ressuscitados” é viver como aquelas pessoas que tiveram uma experiência limite da morte (por enfermidade, acidente...); elas experimentam uma mudança radical em suas vidas.
Sua atitude diante da vida é totalmente diferente; vêem-na com olhos novos.
Alberto Caeiro queria que voltássemos a olhar o mundo como as crianças que o estão vendo pela primeira vez. Aí, tudo é assombro, espanto, encantamento, fantástico, maravilhoso... É através dos olhos que as crianças, pela primeira vez, tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo.
Marcadas pela ressurreição, as pessoas captam muitos detalhes que antes não haviam percebido, vivem intensamente, amam com mais paixão, prestam atenção a muitas coisas que antes lhes passavam desapercebidas. Tem um comportamento diferente para com os outros; há, nestas pessoas, mais ternura, são mais sensíveis à dor e à injustiça. Ao saborear o presente da vida, vivem como se fossem ressuscitadas.  Crêem que, amando mais a vida, se afastarão mais da morte e resistirão às hostilidades do mundo presente.
E, no entanto, continuam vivendo na mesma casa, no mesmo trabalho, fazendo as mesmas coisas... , mas seu olhar audacioso desperta as consciências, sacode as velhas estruturas, derruba os muros da exclusão.
Olhar que se desgruda do saudosismo, do passado remoído... Olhar que rompe ataduras, desmancha condicionamentos, arranca do fatalismo... Olhar inquietante que sonda a verdade, que suscita comunhão.

Todos sabemos que o ser humano, embora extremamente limitado e frágil, é potencialidade de vida. E a vida não se define biologicamente pela quantidade de batidas do coração ou ondas cerebrais. 
Portador de uma vida inesgotável, o ser humano vive para mergulhar em algo diferente, novo e melhor.
Nossa vida não é um problema a  resolver, mas uma experiência a acolher, uma aventura a amar e um mistério a celebrar. Ela tem a dimensão do milagre e carrega no seu interior o destino da ressurreição.
A vida, desde o mais íntimo da pessoa humana, deseja ser despertada e iluminada em plenitude.
Vida plena prometida por Jesus: “Eu vim para que tenham vida e vida em abundância” (Jo. 10,10).
Pois vida é um contínuo despedir-se e partir; é inútil permanecer junto ao túmulo. Porque o ausente “aqui” está presente na “Galiléia”. E a Galiléia é o lugar do compromisso com a vida, a justiça e a paz.

Textos bíblicos:  Mt. 28,1-10   Lc. 24,13-35

Na oração: Para viver a partir do ser mais profundo, é preciso dedicar uma atenção especial ao próprio coração e aprender a regozijar-se da maravilhosa vida de Deus em cada um de nós.
Basta um repouso e o estar-presente para fazer acalmar a agitação interior e aproximar-se da fonte da vida.
Removida a pedra, resta caminhar... E o Mestre, com um corpo marcado pela Paixão, chama-nos pelo nome..
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domingo, 10 de abril de 2011

Planejamento da caminhada pastoral da Catequese do Setor Leste-Sul para 2011:

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4a etapa do Projeto
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Objetivo Geral:

Possibilitar ao nosso Setor, Leste-Sul, uma reorganização da Catequese Paroquial, como caminho para o discipulado, aprimorando e colocando em prática os conhecimentos adquiridos em 2009. Dando uma atenção maior às paróquias que não conseguiram dar um passo significativo em 2010.
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Objetivos Específicos:

p     Estabelecer um diálogo com e entre as paróquias;
p     Firmar o grupo de catequistas nas paróquias, promovendo novas lideranças;
p     Acompanhar e dar suporte às equipes paroquiais de formação;
p     Integrar catequistas e catequizandos por meio de dinâmicas que facilitem os estudos e trocas de experiências;
p     Envolver a comunidade na ação catequética;
p     Tornar a catequese dialógica e firme por meio de trocas de experiências, com abertura ao novo e fundamentação bíblica;
p     Adaptar o conteúdo e a metodologia da catequese à realidade do outro, favorecendo à formação de discípulos missionários;
p     Aprender a respeitar cada um em suas diferenças e necessidades especiais, acolhendo os diferentes tipos de famílias;
p     Envolver as outras pastorais com a formação catequética;
p     Ampliar o intercâmbio entre catequizandos na paróquia;
p     Envolvimento das pastorais com a Catequese;

Estratégias Metodológicas:

- Módulo IV de Estudos Contínuo e Permanente;
- Público: Participantes do módulo III (Equipe de Assessoria Paroquial e Padre);
- Local: Casa da Catequista/ São Vicente;
- Horas: 8h30 às 12h;
- Investimento financeiro: 1% do dízimo mensal de cada paróquia do Setor.
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Cronograma 2011:
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- 12/ 03: Espiritualidade - Leitura Orante da Bíblia/ Pe. José Roberto Filho;
- 14/ 05: Maria na Catequese (DNC);
- 02/ 07: Catequese em diálogo com outras denominações eclesiais - Ecumenismo;
- 03/ 09: Catequese em diálogo com a religiosidade popular (DNC 179);
- 05/ 11: Avaliação 2011 e Planejamento 2012/ Equipe Coord. Catequética do Setor.
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São Vicente, janeiro de 2011



Pe. Claudiano Quirino dos Santos/ Capim Branco
Cristiane Rodrigues Barbosa de Cássia/ Capim Branco
Maria Izabel Oliveira Fraga/ Prudente de Morais
Pe. Gislei Roberto Marques Teixeira/ Baldim
João Antônio/ São Vicente
Pe. José Roberto Filho/ Prudente de Morais


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sábado, 9 de abril de 2011

Por que o projeto INICIAÇÃO não conseguiu deslanchar???...

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Por  Padre Wolfgang Gruen, 2011
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Houve preparação, divulgação, comentários. Entretanto, em vários lugares e níveis, o projeto não foi assumido. Vejamos alguns motivos: podem servir de alerta.
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1. O projeto chegou pré-montado. Ora, ele pressupõe um espírito a ser trabalhado con afinco,  antes de qualquer planejamento. Est. cnbb 97 traz excelentes pistas: 1. 27-29. 98-101. 112d.e. 113. 125. 128. 158-160. 164-167. Sem isso, o esquema da p. 40, calcado no do catecumenato antigo, fica demasiado geométrico, como de um curso.
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2.Instituição eclesiástica constata sérias deficiências na formação cristã dos católicos; procura saneá-las através de boa formação continuada. Falta sanear deficiências estruturais da própria Instituição eclesiástica, que cerceiam a pastoral e dão testemunho negativo da Igreja, agravando suas hemorragias.
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3. A elaboração inicial do projeto foi confiada a liturgistas. Ora, nossa liturgia, ainda demasiado engessada, confere à Igreja certo aspecto de antiguidade, lentidão, mesmice. Sem culpa dos liturgistas, importantes cuidados especificamente catequéticos ficaram de lado. Na verdade, um projeto de Iniciação, mesmo aproveitando muito do que já temos, exige reformatação do conjunto de nossa pastoral (28).
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4. A muitos, frequentem ou não a nossa religião, a nomenclatura adotada soa estranha, pouco convidativa: catecúmeno, competentes ou eleitos; neófitos; etapas e escrutínios que, na verdade, são "ritos de passagem", celebrações. Uma Igreja que opta pelos pobres já sofre com nosso teologuês; convém ainda aumentar esse repertório excludente? Por sua riqueza de sentidos, convém manter o termo querigma; mas o adjetivo querigmático tem uma história intrincada: é preciso deixar claro, vez por vez, em que sentido é tomado.
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5. O esquema focaliza o iniciando a partir de seu contato com a Instituição; ou seja, dirige-se a quem você crê ou quer crer. O que aconteceu antes disso não teria nada a ver com a Iniciação? Esse seria o verdadeiro "1° Tempo", tema que merece ampla reflexão.
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6. Na elaboração do projeto, queimaram-se etapas. Em nível de coordenação, e na medida do possível, a atual mudança epocal pede revisão geral da nossa catequese: situação, objetivos, prioridades, agenda, detalhando metas e dando tempo para atingí-las. Será importante perceber a diferença entre o longínquo então do catecumenato antigo e o nosso hoje, aqui:
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- No cenário sociopolítico externo e interno.
- No cenário cultural.
- No rosto da Igreja que propõe a mensagem.
- Nos obejtivos do catecumenato, declarados ou não.
- No perfil dos interlocutores. Hoje as variantes são incontáveis.
- No perfil dos anunciadores - pessoas, comunidades, instituições.
- Na mensagem: há diferenças entre a semente e a árvore, hoje bimilenar, que dela nasceu.
- No testemunho que damos e recebemos.
- Nos métodos e recursos empregados.
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Tomadas as devidas providências, o espírito do catecumenato antigo poderá inspirar também a nossa iniciação cristã. Vale a pena apostar nesse projeto.
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Texto trabalhado pelo Pe. Gruen, durante sua fala,
no Seminário do Regional Leste II, sobre Iniciação à Vida Cristã, 2011.
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sexta-feira, 8 de abril de 2011

Seminário do Regional Leste II sobre "INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ"

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ACONTECEU nos dias 31/ 03 a 03/ 04, na Casa de Retiro São José, em BH, o Seminário sobre a "Iniciação à Vida Cristã" promovido pelo REGIONAL LESTE II. Com o OBEJTIVO de aprofundar o tema INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ a partir do livro Estudos da CNBB sobre a Iniciação à Vida Cristã - um processo de inspiração catecumenal n° 97.
NOSSA DIOCESE esteve presente, através de mim (Cristiane) e do Padre Gislei Roberto.
AVALIAMOS como uma discussão enriquecedora e desafiadora para nossa Diocese. Como nas demais, ainda é algo "novo", apesar das novas exigências que se fazem pertinentes no contexto atual de nossas comunidades pastorais. Exige, de nós Igreja, uma QUEBRA DE PARADIGMAS, citado muito bem na página 9 do livro Estudos da CNBB n° 97: "Trata-se, pois , de retomar a grande prática da iniciação cristã como processo profundo de mergulho na vida cristã, processo que implica muitos agentes de pastoral; dentro desse processo a catequese não realiza apenas mudanças metodológicas, mas reveste-se de um verdadeiro novo paradigma" (cf. DAp, n. 294).
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Abaixo os RESULTADOS DO SEMINÁRIO SOBRE A INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ publicados pelo http://www.cursodoirpac.blogspot.com/:
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Terminou no domingo, dia 03 de abril, o seminário sobre Iniciação à vida cristã. Na manhã do dia 02 de abril, houve um riquíssimo painel e debate, com Pe. Gruen (salesiano), Pe. Gopegui e Pe. Konings (jesuítas).
Ficou claro que falar de Iniciação à vida cristã implica ter uma comunidade cristã que dê testemunho, que acolha o novo cristão. Disse Pe. Gopegui "Catequese é levar a escutar Deus que fala, é levar a encontrar Deus que se revela. Evangelização é o testemunho eclesial. Catequese não pode ser só doutrina, ela é um caminhar no Cristo Jesus, como o recebemos pela comunidade. Deve ser expressa numa linguagem significativa. A catequese é a tradução da experiência do encontro com Deus".  
Pe. Konings ressaltou que "a missão da catequese é dar eco, fazer ecoar a mensagem de Cristo no meio do povo. Ela é comunicação do Cristo. A Liturgia dominical é uma comunicação permanente de nossa fé, para os que participam da comunidade cristã. A liturgia dominical faz uma catequese mistagógica, uma comunicação da vida, daquilo que aconteceu com Jesus Cristo". Ser cristão, afirma Pe. Konings, é "reconhecer em Jesus, o Filho de Deus, o Messias, o esperado. É dizer que aderimos a Jesus, o Filho de Deus". É a comunidade que comunica o Cristo, daí a importância de viver em comunidade.
"O que não é pessoalmente assumido não funciona", afirmou Pe. Konings, ao se referir que o Credo é uma afirmação pessoal. A decisão de seguir Jesus é pessoal, ninguém crê no meu lugar.
Pe. Gruen falou especificamente sobre a Iniciação à vida cristã e elencou uma série de observações, entre elas, a necessidade de atualizar termos que o catecumenato possui e que não soam bem, nem são adequados ao mundo de hoje, tais como: excrutínio, catecúmeno, exorcismo e outros. Para ele o pré-catecumenato é muito importante, deve-se gastar muito mais tempo nele. "O período do catecumenato, ou da catequese propriamente dito, tem que ser feito segundo toda a caminhada catequética que a Igreja fez, não é lugar de doutrinação", afirma Pe. Gruen.
Na parte da tarde, do dia 02 de abril, Pe. Vanildo Paiva falou sobre "Iniciação à vida cristã e inspiração catecumenal". Lembrou que iniciação é uma urgência na vida cristã e que o catecumenato é uma metodologia que pode ser usada ou não pelas catequistas. Mas, o catecumenato inspira toda a catequese a ser de fato aquela que leva ao encontro com o Cristo na vivência em comunidade. Pe. Vanildo lembrou que uma catequese de inspiração catecumenal é libertadora, litúrgica, leva a experiência de Deus, a vivência comunitária e outros.
Ir. Afonso Murad encerrou os trabalhos do sábado falando sobre os desafios para a evangelização e catequese. Lembrou que precisamos melhorar a Comunicação, o uso da internet e nesse ponto ficou claro que a catequese precisa melhorar muito. Também precisamos enfocar a questão do meio ambiente e a rede de comunidade. Uma catequese hoje precisa estar antenada com as grandes questões que desafiam a sobrevivência do planeta e ajudar a melhorar a vivência da comunidade cristã.
Ir. Murad ressaltou a enorme produção de material que a catequese possui e que não é divulgada na internet. É preciso investir nisto ou só teremos coisas ruins ao fácil acesso das pessoas.
No domingo, dia 03 de abril, os participantes avaliaram como excelente o seminário, o alto nível das discussões. E, concluímos que:
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> A Iniciação à vida cristã é muito mais ampla do que se imagina. A vida da comunidade é parte imprescindível do processo de iniciação. Sem comunidade ou vida comunitária a iniciação cristã será um "departamento" dentro da paróquia e não iniciará ninguém na fé cristã.
> O modelo catecumenal é uma metodologia que pode ser usada pelas comunidades para iniciar os adultos e jovens na vida cristã, mas não é o único jeito de iniciar à vida cristã.
> O Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA) contém a liturgia do processo catecumenal, é preciso cuidar do conteúdo da catequese na etapa do catecumenato. O catecumenato ou período da catequese, propriamente dita, tem ser atualizado e levar em conta a realidade dos catequizandos e da comunidade.
> O modelo catecumenal inspira a catequese a ser de fato mais autêntica e eficaz na sua missão de levar o Cristo aos catequizandos. Supõe uma catequese mais vivencial, litúrgica, libertadora, comunitária e outros. Também podemos dizer que ele inspira a catequese a ser tudo aquilo que os próprios documentos da catequese, sobretudo o Diretório Nacional, diz que ela tem que ser.
> Não podemos identificar Iniciação à vida cristã com o RICA ou com o catecumenato.
> Uma catequese que, de fato, leva a pessoa ao encontro do Cristo, a querer ser cristão na comunidade e a ser sinal do Reino no mundo, também está iniciando na fé cristã.
> Precisamos atualizar os termos do RICA e cuidar enormemente do período que ele chama de "pré-catecumenato".
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