quarta-feira, 27 de março de 2013

A subversiva Páscoa cristã!

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José Lisboa Moreira de Oliveira
Filósofo. Doutor em teologia. Ex-assessor do Setor Vocações e Ministérios/CNBB. Ex-Presidente do Inst. de Past. Vocacional. É gestor e professor do Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade Católica de Brasília
Adital
27/ 03/ 13 - Mundo
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A Páscoa é uma festa típica do hemisfério norte do nosso planeta. Suas origens remontam a antigas culturas agrárias e pastoris que celebravam a chegada da primavera, a estação das flores. Com a chegada da primavera no hemisfério norte o ambiente muda: o frio aos poucos vai diminuindo, os dias se tornam mais longos, o calor aumenta, a terra começa a brotar, produzindo flores e alimentos.
Neste contexto o movimento de povos nômades, que deu origem ao Israel bíblico, associou a festa da Páscoa a uma experiência de libertação. Tribos atravessaram o rio Jordão e se instalaram na região de Canaã, a "terra prometida” a Abraão (Ex 13,3-10). A chegada até a tão sonhada terra onde "corria leite e mel” (Ex 3,8) foi precedida de muitas lutas contra poderes opressores, representados pelo Egito, que pretendiam escravizar esses povos. Nesta luta as pessoas fizeram a experiência profunda de um Deus libertador que ouviu seus clamores, desceu, se compadeceu, tomou conhecimento de seus sofrimentos, tomou partido e decidiu tirá-los da opressão, dando as estes "sem-terra” um terreno fértil e espaçoso (Ex 3,7-10). Assim a festa da chegada da primavera se tornou para estas tribos o memorialda intervenção divina, que deveria ser celebrado "como um rito permanente, de geração em geração” (Ex 12,14).
De acordo com o cristianismo, há cerca de dois mil anos atrás a Páscoa foi enriquecida e plenificada. Jesus, o Filho de Deus Pai, é enviado ao mundo para trazer a boa notícia de que a libertação dos pobres e oprimidos finalmente ia se tornar uma realidade definitiva (Lc 4,18-19). Porém, esta sua ousadia de anunciar uma boa notícia para os pobres e oprimidos, de anunciar a chegada definitiva do reinado de Deus, não foi bem acolhida pelo poder religioso e político. Por esta razão Jesus foi acusado de sersubversivo (Lc 23,2), perseguido, torturado, assassinado e colocado num túmulo. Mas, para surpresa geral de todos, inclusive dos membros do seu grupo de discípulos e de discípulas, o profeta Jesus não permaneceu na tumba: ressuscitou e venceu a morte. Seus seguidores, aos poucos, foram se convertendo e se convencendo de que ele continuava vivo no meio deles. Passaram a senti-lo bem presente e atuante na pequena comunidade. Tal experiência deu-lhes força para perder todo e qualquer medo e retomar a missão do Mestre, continuando a anunciar a Boa Notícia da libertação "até os extremos da terra” (At 1,8). Aos poucos esta experiência fantástica foi sendo associada à celebração da Páscoa, de modo que, já no tempo das comunidades cristãs do Novo Testamento, a Páscoa passou a ser o memorial da paixão, morte e ressurreiçãode Jesus.
Esta rápida memória histórica da Páscoa nos permite perceber que por trás deste grande evento estão alguns elementos significativos. Em primeiro lugar a primavera, com a chegada das flores, da luz, do calor e com o preanúncio de uma possível boa colheita. Em segundo lugar, a experiência da libertaçãorealizada por Javé e vivida pelas tribos que se uniram para caminhar na direção de uma terra prometida. Nesta experiência é significativa a decisão de um deus de ficar do lado de escravos e de sem-terra, coisa impensável no contexto de então, uma vez que naquela época os deuses sempre estavam do lado dos grandes e poderosos. Por fim, na plenificação da Páscoa, Jesus se apresenta como o libertador definitivo que anuncia o projeto de Deus, voltado de modo particular para os pobres, os oprimidos, os excluídos e os rejeitados pela sociedade. Por esse motivo é assassinado, mas, pelo poder de Deus Pai, rompe os laços da morte e permanece vivo, animando seus discípulos e discípulas e convidando-os a continuarem a sua missão (Mt 28,16-20).
A Carta aos Colossenses afirma que a pessoa cristã já vive como ressuscitada e, como tal, é convidada a comprometer-se com ações que expressem o essencial dessa condição que é a prática do amor ao próximo (Cl 3,1-17). Isso nos autoriza a dizer que a celebração da páscoa cristã, enquanto memorial da paixão, morte e ressurreição de Jesus, precisa ser traduzida em atos e gestos concretos de amor ao próximo, distintivo único e fundamental da identidade do discípulo e da discípula de Jesus (Jo 13,15).
Assim sendo, a celebração da Páscoa deve ser uma verdadeira primaveraque expulse todo e qualquer mofo e frieza da Igreja e a faça pulsar de vitalidade e de acolhida da vida. Não cabe celebrar a Páscoa num contexto de rigidez e de falta de misericórdia, num ambiente em que as leis e as normas estão acima da vida das pessoas (Mc 3,1-5). Não haverá Páscoa de Jesus numa Igreja que condena e discrimina certos filhos e certas filhas de Deus; que reserva os bancos de seus templos para aqueles que se autoproclamam perfeitos e merecedores do céu. Além disso, a Páscoa deve ser a festa da libertaçãodos pobres e dos oprimidos. E não se trata apenas de uma falsa libertação "espiritual”, cuja recompensa é uma vida futura, programada para depois da morte. Trata-se, como nos mostra a experiência do Êxodo, de uma libertação a ser realizada aqui nesta terra. Uma libertação que inclui terra, casa, comida, emprego, saúde, escola etc. E para celebrar esta Páscoa os cristãos e as cristãs precisam, como Javé, ver a opressão, descer até o submundo dos pobres, sentir o cheiro da pobreza, tocar com os pés e as mãos os sofrimentos dos injustiçados e excluídos e permanecer comprometidos com as suas lutas por dias melhores (Ex 3,7-10).
Celebrar a Páscoa cristã é trilhar o caminho perigoso de Jesus, tornar-se subversivo com ele e como ele, aceitando pagar o preço da perseguição, da calúnia e até mesmo da morte para ficar do lado dos pobres e dos excluídos. Para celebrar a Páscoa verdadeira de Jesus não é suficiente ficar repetindo a doutrina abstrata do Catecismo da Igreja Católica. É preciso que o ensinamento dessa doutrina crie "a revolta entre o povo” (Lc 23,5), ou seja, incomode tanto o poder religioso como o poder civil, devolvendo às pessoas a consciência crítica para enxergar as coisas como elas realmente são. Não pode ser cristã uma Páscoa celebrada por quem se omitiu e fechou os olhos diante de ditaduras, de torturadores, de injustiçados, com medo de sofrer e de morrer como Jesus morreu. Não celebra a Páscoa cristã quem se tornou insensível aos sofrimentos humanos e nada fez para denunciar a exploração dos mais pobres pelos ricos e poderosos deste mundo (Tg 5,1-6).
Para os cristãos e as cristãs a Páscoa é a festa da vida, a celebração da vitória de Jesus sobre o sofrimento e a morte. Por isso é a festa por excelência da alegria e da esperança. Mas toda alegria, toda festa, toda aleluia, toda exultação é mentirosa e falsa se primeiro não for purificação do mofo eclesiástico, compromisso com a libertação dos pobres, subversão da ordem estabelecida, tomada de partido em favor dos pequenos e simples. Neste momento em que ainda pairam muitas nuvens carregadas sobre a Igreja Católica, em que faltam respostas para tantas perguntas inquietantes, torna-se urgentíssimo celebrar a Páscoa nos moldes verdadeiramente cristãos. Se não seguirmos a trilha da Páscoa bíblica teremos apenas a páscoa consumista, mesmo que ela seja celebrada em templos religiosos e regada de muito incenso, de muitos gritos de aleluias e de glórias. "Já que vocês aceitaram Jesus Cristo como Senhor, vivam como cristãos”, ou seja, "vistam-se com o amor, que é o laço da perfeição” (Cl 2,6; 3,14).
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[*Autor de Viver em comunidade para a missão. Um chamado à Vida Consagrada Religiosa, por Paulus Editora].
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Desejamos uma FELIZ PÁSCOA à todas/os catequistas de nossa Diocese. 
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terça-feira, 26 de março de 2013

Formação das/os catequistas

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Por que tantos pedidos para encontros de formação? 
Este anseio é o que sempre aparece e, como prioridade, nos momentos de avaliação, nos encontros com as/os catequistas, por exemplo, de nossa Diocese.
Se muitas/os catequistas pedem "formação" é porque se sentem despreparadas/os para viver a fé cristã no mundo e para assumir a missão catequética, hoje. Muitas/os catequistas de base sentem necessidade, embora tenham boa vontade, abertura e generosidade. Apenas a boa vontade não as/os qualifica como educadores da fé, para responder às exigências do mundo atual. 
Então, é preciso e urgente que o clero de nossa Diocese de Sete Lagoas compreenda cada vez mais essa realidade, renovando sua própria mentalidade, sobre o trabalho de pastoral, em relação à formação. 
Pense, muitas/os catequistas receberam a primeira formação na família, onde aprenderam o amor, a fraternidade, crescendo no conhecimento do Deus Amor.
É também, no dia-a-dia que a/o catequista continua a sua formação aprendendo com os sofrimentos e lutas do povo e nas experiências pessoais a ligar fé e vida na comunidade. Mas, somente isto, não basta. Daí a necessidade de formação das/os catequistas. 
A formação das/os catequistas é hoje uma das mais importantes e urgentes tarefas das comunidades e das Dioceses.
Ninguém nasce catequista. Aquelas/es que são chamadas/os a esta missão tornam-se boas/bons catequistas através da prática, da reflexão, da preparação adequada, da conscientização de sua importância como educadoras/es da fé.
A formação não deve ser excessivamente técnica, não desligada da comunidade, nem deve ser dada individualmente. 
Sendo a Catequese um processo permanente de educação da fé, também a formação da/o catequista deve ser permanente.
A/O catequista terá sempre coisas para aprender em toda a sua vida. O conteúdo da formação é extenso e profundo.
Para assimilar o conteúdo da formação é necessário acompanhar o progresso das Ciências Humanas, da Metodologia e da Teologia.
Meios necessários para a formação das catequistas:
  • Participar de cursos de atualização, treinamentos, retiros, escolas catequéticas e seminários de estudo;
  • Intensificar o envolvimento, na Catequese, de padres, religiosos/as e catequistas em nível comunitário, paroquial e diocesano;
  • Participar ativamente das reuniões, das assembleias e das outras atividades da comunidade;
  • Reservar tempo para leitura de livros, jornais e revistas que ajudem a entender melhor o Projeto de Deus na sociedade;
  • Buscar novos meios didáticos, pedagógicos, quanto à linguagem, à comunicação e à forma de celebrar a fé;
  • Discernir os fatos novos, as lutas populares, procurando descobrir os sinais do Reino de Deus;
  • Ter convívio com os humildes e com os pobres como ajuda permanente à conversão e santificação;
  • Elaborar uma programação para a formação religiosa, didática, pedagógica e humana, principalmente para o grande número de jovens que estão assumindo a Catequese com  "boa vontade";
CATEQUISTA, SEJA PERSEVERANTE NA MISSÃO CATEQUÉTICA E NA EXIGÊNCIA DE FORMAÇÃO. NUNCA DESANIME!
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Conversando e respondendo:
  1. Como motivar as/os catequistas que não têm disposição para assumir a formação programada pela comunidade?
  2. Que catequistas estão surgindo?
  3. Que meios de formação necessitam as/os nossas/os catequistas? Enumere estes meios apresentados acima na ordem em que precisamos assumi-los. 
Pesquisa catequética:
Objetivo da pesquisa: Descobrir os motivos da desistência das/os catequistas e procurar superar esta falta de perseverança.
  1. Procurar as/os catequistas que deixaram a Catequese e, numa entrevista, anotar os motivos de suas desistências. (pouca idade? falta de encontros motivadores? pouca formação? falta de tempo? acumulo de atividades pastorais na igreja?...);
  2. Rever, na comunidade, as possíveis falhas que motivaram as/os catequistas a deixarem a Catequese, procurando uma formação que possa suprir esta falta de perseverança.
  3. Envie o resultado de sua pesquisa para catequesediocesesetelagoas@yahoo.com.br 
Obs.: Esta pesquisa estará enriquecendo nosso quadro na 2a Semana Diocesana de catequese.
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Alguns momentos fortes de nossos projetos de formação em 2011 a 2012:
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Formação Interativa com catequistas
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 Grupo de Estudos e Vivências da Catequese Setorial
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 1a Semana Diocesana de Catequese
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 Bíblia e Catequese
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Formação Interativa com catequistas
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quarta-feira, 20 de março de 2013

Projeto "Formação Interativa"

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Querida Coordenadora Paroquial de Catequese:

É com alegria que comunicamos a retomada do Projeto “Formação Interativa” 2013.
Estamos abrindo novas inscrições.
Por favor, veja com as catequistas da base (catequistas que estão com turmas de catequizandos), de sua paróquia, que queiram participar.
Contamos também com a participação das catequistas que já faziam parte deste projeto em 2012. Caso em sua paróquia tenha alguma que participou ano passado, favor comunicá-la da retomada do projeto (ver cronograma abaixo).
Para recebê-las de forma mais organizada pedimos que estejam atentas aos combinados abaixo sobre as inscrições:

Atenção!
  • Aguardaremos as inscrições até o dia 10/ 04/ 13, quarta-feira;
  • Podem ser feitas através do email: catequesediocesesetelagoas@yahoo.com.br
  • Ou através do telefone: (31) 3773 – 2270;
  • Projeto inteiramente gratuito, ou seja, sem taxas;
Cronograma 2013:
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Justificativa do projeto: Avaliação da caminhada de 2012, onde as catequistas apontaram a dificuldade de desenvolver uma metodologia catequética mais criativa, envolvene, dinâmica, alegre, renovadora.
Quando
O que
Onde
Responsáveis
13/ 04
Oficina Campanha da Fraternidade
Salão Paroquial da Sant’Ana/ 7L
Assessoria:
08/ 06
Oficina Bíblia e Catequese I
Assessoria: Isabel Braz
14/ 09
Oficina Bíblia e Catequese II
Assessoria: Diocesana
09/ 11
Exposição “Catequese em Movimento 2013”
Coord. Diocesana e catequistas participantes
Dezembro
Confraternização
A combinar
Todas/os participantes do projeto
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Desde já aguardamos a presença enriquecedora das catequistas de sua Paróquia.
Aconchegante abraço e até lá!!!
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Este projeto justifica-se, pois, vai de encontro à necessidade apontada em 2011, na avaliação dos Setores, de uma renovação na metodologia catequética. Daí, priorizarmos a temática e ofertá-la para as catequistas, em especial, da BASE. Pois, são as que diretamente estão acolhendo e trabalhando com nossas crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos.
O projeto quer POSSIBILITAR as catequistas reverem e refazerem sua metodologia catequética de forma participativa, construtiva e colaborativa.
Além disso, busca:
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  • Criar identidade de grupo;
  • Valorizar as habilidades do grupo;
  • Possibilitar as catequistas participarem ativamente da construção do conhecimento;
  • Favorecer o protagonismo do grupo;
  • Descobrir um novo jeito de ser catequista;
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Duração: Encontros bimestrais, em formas de oficinas, de 8h às 12h.
Público-alvo: Catequistas da BASE (catequistas que estão com catequizandos de qualquer etapa).
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sexta-feira, 15 de março de 2013

Bem vindo Francisco!


O Papa Francisco, chamado a restaurar a Igreja

Escrito por leonardo boff, 14/03/2013

Fonte: http://leonardoboff.wordpress.com
        Nas redes sociais havia anunciado que o futuro Papa iria se chamar Francisco. E não me enganei. Por que Francisco? Porque São Francisco começou sua conversão ao ouvir o Crucifixo da capelinha de São Damião lhe dizer:”Francisco, vai e restaura a minha casa; olhe que ela está em ruinas”(S.Boaventura, Legenda Maior II,1).
Francisco tomou ao pé da letra estas palavras e reconstruíu a igrejinha da Porciúncula que existe ainda em Assis dentro de uma imensa catedral. Depois entendeu que se tratava de algo espiritual: restaurar a “Igreja que Cristo resgatara com seu sangue”(op.cit). Foi então que começou seu movimento de renovação da Igreja que era presidida pelo Papa mais poderoso da história, Inocêncio III. Começou morando com os hansenianos e de braço com um deles ia pelos caminhos pregando o evangelho em língua popular e não em latim.
É bom que se saiba que Francisco nunca foi padre mas apenas leigo. Só no final da vida, quando os Papas proibiram que os leigos pregassem, aceitou ser diácono à condição de não receber nenhuma remuneração pelo cargo.
Por que o Card. Jorge Mario Bergoglio escolheu o nome de Francisco? A meu ver foi exatamente porque se deu conta de que a Igreja, está em ruinas pela desmoralização dos vários escândalos  que atingiram o que ela tinha de mais precioso: a moralidade e a credibilidade.
Francisco não é um nome. É um projeto de Igreja, pobre, simples, evangélica e destituída de todo o poder. É uma Igreja que anda pelos caminhos, junto com os últimos; que cria as primeiras comunidades de irmãos que rezam o breviário debaixo de árvores junto com os passarinhos. É uma Igreja ecológica que chama a todos os seres com a doce palavra de “irmãos e irmãs”. Francisco se mostrou obediente à Igreja dos Papas e, ao mesmo tempo, seguiu seu próprio caminho com o evangelho da pobreza na mão. Escreveu o então teólogo Joseph Ratzinger: ”O não de Francisco àquele tipo de Igreja não poderia ser mais radical, é o que chamaríamos de protesto profético”(em Zeit Jesu, Herder 1970, 269). Ele não fala, simplesmente inaugura o novo.
Creio que o Papa Francisco tem em mente uma Igreja assim, fora dos palácios e dos símbolos do poder. Mostrou-o ao aparecer em público. Normalmente os Papas e Ratizinger principalmente punham sobre os ombros a mozeta aquela capinha, cheia de brocados e ouro que só os imperadores podiam usar. O Papa Francisco veio simplesmente vestido de branco e com a cruz de bispo. Três pontos são de ressaltar em sua fala e são de grande significação simbólica.
O primeiro: disse que quer “presidir na caridade”. Isso desde a Reforma e nos melhores teólogos do ecumenismo era cobrado. O Papa não deve presidir com como um monarca absoluto, revestido de poder sagrado como o prevê o direito canônico. Segundo Jesus, deve presidir no amor e fortalecer a fé dos irmãos e irmãs.
O segundo: deu centralidade ao Povo de Deus, tão realçada pelo Vaticano II e posta de lado pelos dois Papas anteriores em favor da Hierarquia. O Papa Francisco, humildemente, pede que o Povo de Deus reze por ele e o abençoe. Somente depois, ele abençoará o Povo de Deus. Isto significa: ele está ai para servir e não par ser servido. Pede que o ajudem a construir um caminho juntos. E clama por fraternidade para toda a humanidade onde os seres humanos não se reconhecem como irmãos e irmãs mas reféns dos mecanismos da economia.
Por fim, evitou toda a espetacularização da figura do Papa. Não estendeu os braços para saudar o povo. Ficou parado, imóvel, sério e sóbrio, diria, quase assustado. Apenas se via a figura branca que olhava com carinho para a multidão. Mas irradiava paz e confiança. Usou de humor falando sem uma retórica oficialista. Como um pastor fala aos seus fiéis.
Cabe por último ressaltar que é um Papa que vem do Grande Sul, onde estão os pobres da Terra e onde vivem 60% dos católicos. Com sua experiência de pastor, com uma nova visão das coisas, a partir de baixo, poderá reformar a Cúria, descentralizar a administração e conferir um rosto novo e crível à Igreja.
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Leonardo Boff é autor de São Francisco de Assis: ternura e vigor, Vozes 1999.
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segunda-feira, 11 de março de 2013

Campanha da Fraternidade 2013

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A quaresma é o caminho que nos leva ao encontro com o Crucifica-do-ressuscitado. Caminho, que se dá num processo existencial,  mudança de vida, transformação da pessoa que recebeu a graça de ser discípulo-missionário. A oração, o jejum e a esmola indicam o processo de abertura necessária para sermos tocados pela grandeza da vida nova que nasce da cruz e da ressurreição.
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Apresentação da CF:
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A CNBB nos apresenta a Campanha da Fraternidade como itinerário de conversão pessoal, comunitário e social; E ao repropor Juventude como tema da Campanha da Fraternidade, nesse tempo de mudança de época, deseja refletir, rezar com os jovens, re-apresentando-lhes o Evangelho como sentido de vida e missão.
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O Cartaz da CF 2013:
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A Igreja, ao iniciar esta caminhada quaresmal, tem os olhos fitos na cruz, donde emana a comunicação do amor de Deus por nós, na entrega de Jesus Cristo, para que Nele tenhamos a Vida (cf Jo 10,10). 
A Igreja com esta Campanha, cujo tema é “Fraternidade e Juventude”, chama atenção para os desafios dos jovens na edificação do projeto de Deus, dentro do contexto de mudança de época (instabilidade dos critérios de compreensão e dos valores).
A jovem, de braços abertos em forma de cruz, representa os que são transformados pela jovialidade comunicada pela ressurreição de Jesus, a Boa Nova por excelência, que nos fortalece. É com este vigor que a jovem responde ao chamado de Deus, repetindo as palavras do profeta Isaias: “Eis-me aqui, envia-me!” (Is 6,8).
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Propostas da CF 2013:
1. A Campanha da Fraternidade de 2013, que retoma o tema Juventude, se propõe olhar a realidade dos jovens, acolhendo-os com a riqueza de suas diversidades, propostas e potencialidades; entendê-los e auxiliá-los neste contexto de profundo impacto cultural e de relações midiáticas; fazer-se solidária em seus sofrimentos e angústias, especialmente junto aos que mais sofrem com os desafios desta mudança de época e com a exclusão social; reavivar-lhes o potencial de participação e transformação.
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2. Esta Campanha deseja, no contexto do Ano da Fé, mobilizar a Igreja e, o quanto possível, os segmentos da sociedade, a fim de se solidarizarem com estes jovens, favorecer-lhes espaços, projetos e políticas públicas que possam auxiliá-los a organizarem a própria vida a partir de escolhas fundamentais e de uma construção sólida do projeto pessoal, a se compreenderem como força de transformação para os novos tempos, a desenvolverem seu potencial comunicativo pelas redes sociais em vista da ética e do bem de todos, a assumirem seu papel específico na comunidade eclesial e no exercício do protagonismo que deles se espera, nas comunidades e na luta por uma sociedade que proporcione vida a todos.

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3. Evangelizar, hoje, é uma via de mão dupla. Saem de cena os “públicos” ou “destinatários” da evangelização para dar lugar aos “interlocutores”. Os interlocutores da evangelização são pessoas que, numa relação dialogal, se enriquecem pela troca de experiências. Portanto, “escutando e compreendendo os gritos e clamores dos jovens, a Igreja é chamada não somente a evangelizar, mas também a ser evangelizada na atualidade”. Torna-se imprescindível, cada vez mais, caminhar com os jovens e refazer com eles a experiência de Jesus. Na prática, isso significa que “nas atividades pastorais com a juventude, faz-se necessário oferecer canais de participação e envolvimento nas decisões, que possibilitem uma experiência autêntica de corresponsabilidade, de diálogo, de escuta e o envolvimento no processo de renovação contínua da Igreja. Trata-se de valorizar a participação dos jovens nos conselhos, reuniões de grupo, assembleias, equipes, processo de avaliação e planejamento”.

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4. Para atingir tal intuito, são estes os objetivos da Campanha da Fraternidade de 2013: 

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Objetivo geral:
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Acolher os jovens no contexto de mudança de época, propiciando caminhos para seu protagonismo no seguimento de Jesus Cristo, na vivência eclesial e na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz.
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Objetivos específicos:
1. Propiciar aos jovens um encontro pessoal com Jesus Cristo a fim de contribuir para sua vocação de discípulo missionário e para a elaboração de seu projeto pessoal de vida;


2. Possibilitar aos jovens uma participação ativa na comunidade eclesial, que lhes seja apoio e sustento em sua caminhada , para que eles possam contribuir com seus dons e talentos;


3. Sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum.

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Conteúdo do texto-base:
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Confira as apresentações com os principais tópicos do texto-base da CF 2013, além do gesto concreto e linhas de ação que podem ser realizadas na sua paróquia, grupo ou movimento: Slides 1°, 2° e 3°... (Site: www.edicoescnbb.com.br )
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segunda-feira, 4 de março de 2013

ANO DA FÉ???...

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Exposição feita pelo Pe. Antônio Luiz Catelan, da Diocese de Umuarama (PR) e assessor da Comissão da Fé na CNBB/ Durante o encontro de coordenadores diocesanos de Catequese em BH, 19 a 22/ 07/ 12:
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Proclamação do Ano da Fé: 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013
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Significado do logotipo do ANO DA FÉ
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A Igreja é a fonte da aldeia (João XXIII). Hoje o centro é a comunicação. A cidade já não é mais o contexto de evangelização. Também a escola perdeu seu lugar.
- A PARÓQUIA preparava para os sacramentos;
- A ESCOLA se encarregava do Ensino Religioso;
- A FAMÍLIA era a terceira responsável pela formação da pessoa;
Porém, hoje esta realidade é outra. A Igreja, a Escola e a Família já não cumprem suas funções.
O problema não é tanto a perda do sentido religioso, MAS a perda da orientação religiosa. Excesso de sentido religioso, desorientação do sentido religioso: sincretismo, superstição... Vivemos um tempo de muita religião, MAS pouca fé (Pe Libânio). 
O conteúdo da fé não muda. O que muda é o contexto. A renovação da fé, portanto, deve ser a prioridade.
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Justificativa do tema:
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O Ano da Fé dá início às comemorações dos 50 anos de realização do Concílio Vaticano II. E para celebrar este período a CNBB está providenciando uma nova edição do Compêndio dos Documentos do Vaticano II e do Catecismo da igreja Católica.
O anúncio feito pelo então Bento XVI, de sua intenção de proclamar um Ano da Fé se deu na homilia da missa celebrada dia 16 de outubro de 2011 com os participantes da Congregação  Plenária do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização.
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"Para dar um renovado impulso à missão de toda a Igreja, gostaria de anunciar nesta Celebração Eucarística que decidi proclamar um <<Ano da Fé>> (...) Será um momento de graça e de compromisso para uma conversão a Deus cada vez mais completa, para fortalecer a nossa fé n'Ele e para O anunciar com alegria ao homem de nosso tempo".
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"Como sabemos, em vastas regiões da terra, a fé corre o perigo de se apagar como uma chama que não encontra mais alimento. Estamos diante de uma profunda crise de fé, de uma perda do sentido religioso, que constitui o maior desafio para a Igreja de hoje". (Discurso de 27/ 01/ 12)
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A renovação da fé deve ser, portanto, a prioridade no compromisso de toda a Igreja nos nossos dias. Desejo que o Ano da Fé possa contribuir com a colaboração cordial de todos os componentes do Povo de Deus, para tornar Deus novamente presente neste mundo e para abrir aos homens o acesso à fé, ao confiar-se àquele Deus que nos amou até o fim (Jo 13, 1), em Jesus Cristo crucificado e ressuscitado".(Discurso de 27/ 01/ 12)
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Observações:
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- Recomendou a leitura do livro "A Luz do Mundo", de Bento XVI;
- Reafirmou que os "50 anos do Concílio Vaticano II" não é para ser comemorado com uma grande festa, MAS como tempo de grande reflexão (Bento XVI);
- Assinalou que Bento XVI propõe o USO DO CATECISMO da Igreja Católica, MAS não como manual de Catequese. Os textos catequéticos são necessários não para substituir a Bíblia ou o Catecismo da Igreja Católica, mas, com base nestes, são instrumentos de orientação, adequados à realidade de cada grupo, região, etc;
- Importante é saber usar o Catecismo como: 1) Manual de consulta para tirar dúvidas; 2) Instrumento de estudo para se entender sua estrutura e sua metodologia.
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Apresentação da Carta Apostólica Porta Fidei: 
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É antigo o costume de se ter anos temáticos na Igreja. Os Jubileus, Anos Santos, Anos Marianos e Anos Eucarísticos são os mais comuns. O Beato João Paulo II ampliou tal costume nos anos que antecederam a Celebração do Grande Jubileu do ano 2000, com uma sequência de anos temáticos. Os benefícios disso são muitos. O reavivamento da consciência eclesial a respeito da importância de um aspecto da vida cristã, de uma dimensão da fé, ou de um tema; a animação da ação evangelizadora das Igrejas locais; a solidificação do sentido da comunhão universal dos fiéis; e outros muitos.
Ano da Fé já houve um, em 1967, proclamado por Paulo VI. A ele Bento XVI se refere na Carta Apostólica Porta Fidei (PF), com a qual faz a indicção de um AF que irá de outubro de 2012 a novembro de 2013. Nessa carta, o papa assume a intenção fundamental do anterior. Naquela ocasião, no contexto do décimo nono centenário do martírio de São Pedro e São Paulo, o objetivo era retomar “a exata consciência da fé para a reavivar, purificar, confirmar, confessar”[2]. E, afirma Bento XVI, a Profissão Solene de Fé, no encerramento daquele Ano, atestou como “os conteúdos essenciais [...] necessitam ser confirmados, compreendidos e aprofundados de maneira sempre nova para se dar testemunho coerente deles em condições históricas diversas das do passado” (PF, 4). Com relação ao contexto de então, o papa Bento recorda que, na mente de Paulo VI, aquele ano respondia a uma exigência pós-conciliar: “a profissão da verdadeira fé e sua reta interpretação” (PF, 5).

O primeiro anúncio da intenção de proclamar um Ano da Fé se deu na homilia da missa celebrada com os participantes da Congregação Plenária, dia 16 outubro de 2011, do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. (...)
O texto da Porta Fidei está distribuído em 15 parágrafos:
  • 1 - 3: Introdução: A fé e a necessidade de que seja proposta explicitamente;
  • 4 - 5: I - Proclamação do Ano da Fé e sua ocasião: *50 anos do Concílio Ecumênico; *Vaticano II; *20 anos do Catecismo da Igreja Católica; *Assembléia Sinodal sobre a Nova Evangelização;
  • 6 - 7: II - Finalidades do Ano da Fé: *Renovação da Igreja; *Nova Evangelização;
  • 8 - 9: III - Ações fundamentais do Ano da Fé: Refletir - Confessar - Celebrar - Testemunhar;
  • 10: IV - Dimensões da fé: Ato e conteúdos - pessoal e comunitária;
  • 11 - 14: V - Instrumentos/ Meios: Catecismo da Igreja Católica - "História da Fé" - testemunho da caridade;
  • 15: Conclusão: Procura a fé - Fortalecer a relação com o Senhor - Confiar em meio às provações - Entrega à Mãe de Deus (11/ 10: Natividade de Maria - na época).
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